O papel da escola na formação ética e moral dos estudantes moçambicanos: Reflexão filosófica em Adela Cortina. Elaborado por Elisabeth Gusmão Lima. Todos direitos reservados



O papel da escola na formação ética e moral dos estudantes moçambicanos: Reflexão filosófica em Adela Cortina. 


Elaborado por Elisabeth Gusmão Lima. Todos direitos reservados 

Publicado em 15/08/2017.

Indice




1        CAPITULO I : INTRODUÇÃO

O professor, além de ter uma atitude de ensinante é um formador, porque a sua relação com os outros, com a vida e com seus próprios aprendizes, influencia sobremaneira seus educandos. Estes o avaliam e/ou internalizam as atitudes do educador, que são norteadas pelos seus princípios e valores, cotidianamente. Nesse sentido, o amadurecimento moral e a ética do professor são fundamentais no exercício de sua profissão. Considerando esse cenário, neste trabalho elucidamos os conceitos de ética e de moral, articulando-os com a formação do ser humano, no processo de educação. Tivemos como objetivos demonstrar aspectos que compõem o conceito de ética e que compõem o conceito de moral; articular o conceito de ética e o conceito de moral, evidenciando suas diferenças; demonstrar fatos sociais amorais, morais e imorais; demonstrar os níveis de amadurecimento moral; articular os conceitos de ética e de moral com a educação. Para isso, realizamos um estudo bibliográfico e nos apoiamos em Cortella e Barros Filho (2014); em Freire (1998), em Duska e Welhan (1994); em De la Taille (2013) e Srour (2008).
Um dos desafios contemporâneos da escola é contribuir para a formação moral e ética dos alunos-cidadãos. É fundamental que, nos espaços educativos, seja construída e problematizada a participação do indivíduo na vida pública - o que demanda a consciência de realidades, conflitos e interesses individuais e sociais, o conhecimento de mecanismos de controle e defesa de direitos e a noção dos limites e das possibilidades de ações individuais e coletivas. 
Como ninguém nasce cidadão, a ideia de participação social precisa ser permanentemente construída. Há vários caminhos para ensinar normas, valores e atitudes passíveis de (re)organizar as relações para uma convivência justa. O trabalho educacional que mobiliza conteúdos atitudinais precisa estar nas ações cotidianas e fazer parte dos objetivos de aprendizagem.




1.1       Tema:

O papel da escola na formação ética e moral dos estudantes moçambicanos: Reflexão filosófica em Adela Cortina.

1.2       Descrição do problema

Um dos desafios que actualmente as escolas moçambicanas enfrentam é na contribuição para a formação moral ética dos alunos-cidadãos conscientes, convivendo em uma sociedade caracterizada com marginalidade, conflitos e interesses individuais e sociais, nos quais, demanda uma consciência da realidade.
Bem, muitos são os aspectos que compõem a formação do homem e a escolarização é apenas parte dessa formação, porque a educação pressupõe um todo dinâmico e contínuo que se inicia na família e ocorre durante toda a vida, nas interações que os seres humanos estabelecem com os outros e com o mundo.
Assim, pensar na formação dos estudantes obriga-nos a pensar em sua educação integral. Ora, o cenário da educação moçambicana é bastante complexo, a mídia e as pesquisas mostram diferentes problemas: falta de valorização do professor; falta de estrutura; falta de apoio da família; crianças de famílias desestruturadas; uma cultura que não valoriza o ensino; entre outras questões.
Ora, presumimos que uma criança ao ir para a escola já tenha internalizado os conceitos básicos de respeitar a autoridade do professor, escutá-lo e conviver de forma harmoniosa com seu colega de sala de aula.
Sucede que, nos últimos anos as coisas não andam bem assim. As escolas não fazem mais esse papel de formação ético-moral, de internalizar na criança os códigos básicos da convivência com os demais seres humanos em sociedade. Ou seja, as escolas se cingem unicamente e totalmente na formação cognitiva, de ensino e aprendizagem de conteúdos curriculares sobre as diversas áreas do conhecimento, deixando de lado a formação da personalidade, os conceitos de núcleo familiar.
Não basta saber fazer coisas, ter saber técnico, produtivo. Como corolário da não opção de valores éticos-morais na formação dos estudantes em Moçambique, tem causado preocupação até aos mais optimistas, pois está influenciando todas as esferas da vida humana e, como não poderia ser diferente, também tem afectado a educação formalmente estruturada, através dos seus sistemas de ensino e de aprendizagem completamente afastado dos conceitos éticos-morais.
 Na verdade o que temos são as creches (ensino pré-primário) substituindo o papel de uma educação primária – que deve ser carregada de afectividade – fazendo essa função no lugar do pai e da mãe. E essa mesma creche, que não internalizar na criança os códigos, sem dúvida que isso terá reflexo futuro na formação social desta criança.
Outro aspecto é a influência da televisão e smartphones nesse déficit de formação dos estudantes, haja vista que boa parte do tempo eles passam assistindo os mais diversos programas e nas redes sociais, alguns sem nenhum conteúdo ou perspectiva de formação educacional. Para contrapor a essa realidade que a cada dia se torna mais forte e presente nas casas das famílias Moçambicanas, é preciso ensinar as crianças a se contraporem, a ver de forma crítica a programação, a fazer uma “leitura”, da mesma forma que se faz de um livro, do que é exibido nos diversos canais de televisão e redes sociais.
Os graves problemas sociais e morais revelam que para promover a existência digna, o conhecimento tecno-científico é insuficiente. Diante disso, é inevitável perguntar pela formação e competência ética do educador, do contrário a transversalidade, ao menos no caso da ética, não passaria de discurso demagógico. O que se espera dos educadores: a responsabilidade de saber ensinar ética; além de ser exemplo, ao menos para com os seus educandos; e acolher os educandos. Para poder compreender os comportamentos e acções morais de alguém é preciso conhecer a perspectiva ética adoptada pelo agente e, ao mesmo tempo, o observador (no caso o professor) deve estar ciente de sua posição teórica.
O desenvolvimento de valores morais é decorrente da interação do sujeito com as situações e as pessoas nos diversos ambientes que frequenta, como a escola, com a família e com os amigos.
Considerando todas essas influências e o que foi anteriormente exposto, levanta se a seguinte questão:
Será que a instituição de ensino tem um papel significativo na formação ética e moral dos alunos?

1.3       Objectivos

1.3.1      Objectivo Geral:

·       Conhecer/Analisar o papel da escola na formação ética e moral dos Estudantes Moçambicanos na perfectiva filosófica de Adela Cortina.

1.3.2      Objectivos Específicos

·       Contextualizar o pensamento da Adela Cortina referente a ética e moral na formação do estudante;
·       Identificar a relação entre a ética – moral e a formação cognitiva dos Estudantes;
·       Falar da importância da ética e moral na formação do estudante;
·       Investigar a prática pedagógica vivenciada na Escola Primaria a Luta Continua quanto a formação moral/ética da comunidade escolar;

1.4       Questões de partida

·       Qual é o pensamento da Adela Cortina referente a ética e moral na formação do estudante?
·       Qual é a relação entre a ética – moral e a formação cognitiva dos Estudantes?
·       Qual é a  importância da importância da ética e moral na formação do estudante?
·       Quais são as práticas pedagógicas vivenciadas na Escola Primaria a Luta Continua quanto a formação moral/ética da comunidade escolar?

1.5       Justificativa

1.5.1      Relevância pessoal

No aspecto particular, o papel da escola na formação ética e moral dos estudantes moçambicanos, fez surgir em nôs, um interesse peculiar. Isso se deve, sobretudo, por se tratar de uma área relativamente nova, pouco trabalhada nos nossos meandros académicos, onde, quanto a nôs, um conhecimento sólido sobre a ética e moral dos estudantes moçambicanos para à formação de alunos-cidadãos conscientes com seus respectivos direitos e valores éticos morais, se mostra deveras necessária e, com efeito, estimulante. Outrossim, a razão da escolha do tema em tela se deve ao facto da autora ser mãe de um filho que esta a frequentar o ensino primário, onde notou que o mesmo já estava a perder alguns valores morais, se concentrando apenas em obter notas altas na escola.

1.5.2      Relevância socio-pedagógico

Ora, a ética no ensino escolar trará uma educação comprometedora na qualidade de formar cidadãos de responsabilidade com os princípios e valores éticos. A partir dessa perspectiva que o ser humano convive em sociedade com diversos indivíduos de diferentes padrões culturais, pensamentos e concepção de condutas, nos quais o influenciam no meio que convivem em cidadania. Nesse aspecto a escola tem o desafio de contribuir para a formação ética dos alunos-cidadãos, trazendo nas práticas pedagógica a inclusão de valores éticos e morais no ambiente escolar, levando o aluno à reflexão das questões morais e éticas de cidadania.                                                                       
Além disso, a falta de ética na sociedade moçambicana é uma enorme barreira para que as relações profissionais e pessoais escorram dentro de um parâmetro social aceitável, por este motivo, é fundamental que nos ambiente escolar haja a inclusão da ética, levando assim o aluno à refletir sobre as problemáticas sociais e buscando possíveis soluções com sua participação de cidadão no meio que vivem, tendo plena consciência dos valores éticos morais.

1.5.3      Relevância académica,

Nos últimos anos, o tema ético e moral tem sido pauta de discursos pedagógicos, profissionais e até político pelo mundo a fora, pois a sociedade vive um momento em que os conceitos de ética e a moral tem sido deturpados. Sendo assim, esse trabalho justifica-se pela necessidade de reflexão sobre os princípios éticos que permeiam a educação escolar na busca pela formação da cidadania.
Outrossim, acreditamos que o estudo aprofundado da ética moral nas escolas, poderá produzir conhecimentos que irão contribuir para o sucesso económico e institucional das organizações Moçambicanas.

1.6       Delimitação do tema

Espacial
A presente pesquisa será realizado na Escola Primaria a Luta continua, Cidade de Maputo, Província de Maputo.
Temporal
Para o efeito, realizar-se-á estudo tendo em conta o período de 2016 – 2017.
Disciplinar
O trabalho que se pretende desenvolver enquadra-se na Cadeira de xxxx mas vai sofrer influências de outras áreas conexas, nomeadamente: Ética Fundamental e Ética Especial.

1.7       Resultados esperados

Com o presente trabalho, esperamos que os professores passam a incorporar à sua actividade de ensinar a função de educar, ou seja, de internalizar valores e conceitos que o aluno já deveria chegar à escola com ele, realizado pelo núcleo familiar, marcado pela afetividade e passados os valores éticos e morais.




2        CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1       Conceitos

2.1.1      Ética

Ética, geralmente, é um valor social que identifica, qualifica e guia princípios universais e crenças e ações humanas. A palavra "ética" vem do grego ethos e significa aquilo que pertence ao "bom costume", "costume superior", ou "portador de caráter". (https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica, acessado em 05/05/2017)
Na filosofia clássica, a ética não se resumia à moral (entendida como "costume", ou "hábito", do latim mos, mores), mas buscava a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver e conviver, isto é, a busca do melhor estilo de vida, tanto na vida privada quanto em público. A ética incluía a maioria dos campos de conhecimento que não eram abrangidos na física, metafísica, estética, na lógica, na dialética e nem na retórica. Assim, a ética abrangia os campos que atualmente são denominados antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, às vezes política, e até mesmo educação física e dietética, em suma, campos direta ou indiretamente ligados ao que influi na maneira de viver ou estilo de vida. Um exemplo desta visão clássica da ética pode ser encontrado na obra Ética, de Spinoza. Os filósofos tendem a dividir teorias éticas em três áreas: metaética, ética normativa e ética aplicada (Arruda, 2003).

2.1.2      Etica e moral

Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral (Chanlat, 1992).
Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau (Valle, 1999).
No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade. (Chanlat, 1992).

2.2       Proposta de um novo modelo de ética aplicada como hermenêutica crítica (Adela Cortina)[1].

2.2.1      O quadro deontológico (O momento kantiano)

O modelo proposto por Adela Cortina não é dedutivo nem indutivo, mas desfruta da circularidade hermenêutica. Portanto não se trata de aplicar princípios universais nem de induzir máximas práticas, mas descobrir, nos diferentes âmbitos da atividade, a modulação peculiar do princípio comum. Cada campo da actividade humano tem a sua especificidade ou melodia própria, obrigando a uma perspectiva interdisciplinar. Não existe mais alguém com uma visão sistêmica do conjunto, que possa oferecer sozinho, a orientação. É necessário consultar os especialistas de cada área para ver quais são os princípios de alcance médio e quais são os valores correspondentes daquela atividade. (Caporali, 1999)
O princípio procedimental da ética do discurso é apenas uma orientação que precisa também ser complementada com outras tradições éticas. Levar em consideração os diferentes modelos de ética, tendo, como elemento coordenador, a ética do discurso, pois esta oferece o modo de argumentar eticamente pela ação comunicativa.

2.2.2      Ética das actividades sociais (O momento aristotélico)

Como descobrir em cada campo de atividade quais os valores e as máximas exigidos. Diversas respostas são possíveis, mas todas elas precisam superar a perspectiva da ética individual, pois a boa vontade pessoal pode ter consequências ruins para coletividade. Por isso é mais importante a inteligência do que a vontade e, por outro, é necessário assumir a lógica da atividade coletiva, ou seja, ver a moralidade das práticas desenvolvidas nas instituições e organizações. (Caporali, 1999).
Todos os âmbitos da ética aplicada tratam de atividades sociais. Mas não se trata tanto de refletir eticamente sobre as instituições e organizações, pois estas são cristalizações de ações humanas realizada por sujeitos humanos. Trata-se de refletir sobre as práticas institucionais e organizativas, examinando as atividades cooperativas e sociais realizadas pelos sujeitos humanos.
Para desenvolver moralmente uma actividade na sociedade moderna é preciso atender a cinco pontos de referência (Saldanha, 1998):
1) Ver quais são as metas sociais que dão um sentido a esse tipo de atividade. Elas identificam-se com os bens internos deste campo de atividade. Eles conferem um sentido e legitimidade social às ações. Portanto, as diferentes atividades sociais caracterizam-se pelos bens que se obtêm por meio delas, pelos valores que inspiram a busca desses fins e pelas virtudes que apontam para as atitudes necessárias na busca dos bens. As diferentes éticas averiguam quais valores e virtudes permitem alcançar os bens alcançáveis através daquela atividade social. Por exemplo, o bem interno buscado pela atividade do profissional da saúde é o benefício do paciente. Que valores e virtudes devem pautar a busca desde bem?
2) Para alcançar os bens internos de cada atividade é preciso contar com mecanismos específicos dessa sociedade, em nosso caso, a sociedade moderna. Por exemplo, para alcançar a meta social ou produzir o bem interno que a empresa se propõe, a busca do lucro é um meio que tem legitimidade social na sociedade moderna. Contudo quando esse meio torna-se um fim, a atividade fica desmoralizada.
3) Por outro lado, a legitimidade de qualquer atividade social deve ater-se à legislação jurídica vigente que define as regras do jogo naquela sociedade. Contudo a legalidade não esgota a moralidade, a) porque a legislação é dinâmica, necessitando de interpretação e b) porque a legislação nunca consegue submeter uma atividade totalmente à sua jurisdição.
4) Por isso, é importante ter como referência também a ética civil ou a consciência moral cívica, alcançada naquela sociedade. Ela identifica-se com o conjunto de valores que os cidadãos de uma sociedade pluralista já compartilham, independente de suas concepções morais e religiosas. Em linhas gerais trata-se de levar a sério os valores da liberdade, da igualdade e da solidariedade.
5) O puro nível da moralidade não basta, porque interesses espúrios podem difundir uma moralidade difusa que condena, como imorais, ações inspiradas na justiça, nos direitos humanos e na dignidade humana. Por isso, é preciso uma moral crítica, que aponte os valores e os direitos a serem racionalmente respeitados.

2.2.3      Processo de tomada de decisões nos casos concretos.

É indispensável tomar em consideração os seguintes aspectos ao decidir:
1) Determinar a fim específico ou o bem interno que dá sentido e legitimidade social àquela atividade.
2) Averiguar quais meios são adequados para produzir esse bem numa sociedade moderna.
3) Indagar quais virtudes e valores é preciso incorporar para alcançar esse bem interno.
4) Ver quais são os valores da moral cívica da sociedade que afetam o exercício dessa atividade. 5) Averiguar quais valores de justiça, próprios de uma moral crítica universal, permite por em questão normas vigentes.
6) Deixar a tomada de decisão a cargo dos que são afetados por esse processo.

2.3       Ética, moral e educação escolar sob o prisma de Adela Cortina: algumas imbricações filosófico pedagógicas.

Nos dias actuais, tem sido muito comum a realização de simpósios, congressos, conferências e inúmeros outros eventos científicos similares, com o objetivo de refletir acerca de uma temática que emerge em todas as direções e sentidos: a questão da ética.
Comenta-se, também, com acentuada frequência, que o maior problema de Moçambique, por exemplo, é a ausência de moral e que a inversão de valores e princípios humanos, entre outros assuntos correlatos, vem provocando a desagregação tanto da família secular (pai, mãe e filhos) quanto da sociedade como um todo, influenciando sobremaneira o campo educacional. Diante dessas afirmações, consideramos ser fundamental que os educadores possam refletir e debater questões de tão alta relevância no espaço educativo escolar, uma vez que, implícita ou explicitamente, cabe ao professor o papel de transmitir valores no exercício de sua ação pedagógica.
Assim, para que se possa melhor compreender as relações existentes entre ética, moral e educação escolar num contexto mais amplo e abrangente, faz-se necessário, em primeiro lugar, definir cada um desses termos para, em seguida, discorrermos sobre as suas imbricações filosófico-pedagógicas. O principal ponto de partida é as ideias de Adela Cortina, bem como as concepções de outros estudiosos da Filosofia, principalmente no que diz respeito à ética, moral e educação escolar
Os educadores, em geral, preocupam-se com as habilidades técnicas e sociais de seus alunos, mas é impossível construir uma sociedade autenticamente democrática, contando apenas com indivíduos capacitados técnica e socialmente, porque tal sociedade precisa fundamentar-se em valores para os quais a racionalidade instrumental é cega, valores como a autonomia e a solidariedade. O processo educativo não pode pautar-se pela racionalidade instrumental que busca a aquisição de puras habilidades técnicas e aponta para um modelo de pessoa que busca apenas o seu próprio bem-estar. É necessário buscar a formação de pessoas autônomas com desejo de auto-realização e com a capacidade para a interação solidária. Por isso a educação precisa suscitar nos jovens a competência para a autonomia e a solidariedade bases para uma sociedade democrática. Isso só é possível através de métodos dialógicos de educação moral que superam o dogmatismo dos métodos doutrinários e estão para além do relativismo dos métodos do puro esclarecimento dos valores.

2.4       Biografia da filósofa Adela Cortina[2]

Adela Cortina é um filósofo espanhol nascido em Valência, Espanha.
Depois de estudar filosofia e letras na Universidad de Valencia, ela foi admitida no departamento de metafísica em 1969.
Em 1976, ela defendeu sua tese de doutorado sobre a noção de Deus na filosofia transcendental de Kant e durante algum tempo ela ensinou em escolas de ensino médio e highschools. Uma bolsa de pesquisa permitiu que ela fosse para a Universidade de Munique, onde conheceu o racionalismo crítico, o pragmatismo e a ética marxista e, mais concretamente, a filosofia de Jurgen Habermas e Karl-Otto Apel. Ao voltar para a cena acadêmica espanhola, dedicou seu tempo de pesquisa à ética.
Em 1981 foi admitida no departamento de filosofia prática da Universidade de Valência. Em 1986, tornou-se professora de Filosofia Moral, relativa à economia, negócios e discriminação de mulheres, guerra, ecologia, genética, etc. Estes são tópicos que a autora cultiva em seu trabalho. É casada com o filósofo e professor da Universidade de Valencia, Jesús Conill. É membro da Comissão Nacional de reprodução Humana Asistida e ocupa um cargo no Comité Asesor de Etica da Investigação Científica y Tecnológica.
Com seu livro "Ética da razão amigável", ela ganhou o Prêmio Internacional de Ensaios Jovellanos em 2007. Ela também foi nomeada Membro da Real Academia de Ciências Morais e Políticas (2 de dezembro de 2008), fazendo dela a primeira mulher admitida em esta instituição. Ela também ocupa uma posição honorária na Universitat Jaume I de Castellón. Ela recebeu esta homenagem em 15 de janeiro de 2009, bem como pela Universidade Politécnica de Cartagena em 27 de janeiro de 2012.



3        CAPITULO III: METODOLOGIA

A aplicação de métodos é imprescindível na investigação, de acordo com (Richardson, 1999) a metodologia da pesquisa é “o conjunto de passos, caminhos, métodos e técnicas científicos que se usam numa pesquisa para chegar-se ao objectivo pré - definido.”
Lakatos & Marconi (2002) Metodologia científica é um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição objectiva do conhecimento de uma maneira sistemática.
Para Gil (1999), a investigação científica depende de um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos para que os objectivos sejam atingidos. Assim, os métodos científicos são o conjunto de processos ou operações mentais que se deve empregar na investigação e a linha de raciocínio adoptado no processo de pesquisa.

3.1       Tipo de pesquisa

Usar‑se‑á a Pesquisa Qualitativa, de acordo com Gil (1999) considera como sendo a relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzida em números.

3.2       Método de abordagem

Usar‑se‑á o Método dedutivo, de acordo com Gil (1999) esse argumento é feito do maior para o menor, ou seja, de uma premissa geral em direção a outra, particular ou singular. As conclusões encontradas nesse método já estavam nas premissas analisadas anteriormente e, portanto, ele não produz conhecimentos novos
Usar‑se‑á  Método Funcionalista que segundo Lakatos & Marconi (2002) é um método mais interpretativo do que investigativo. Suas conclusões são baseadas na interpretação do estilo de vida de uma sociedade. Sabendo que este método considera toda actividade social e cultural é funcional ou desempenho de função.

3.3       Área geográfica de investigação

Maputo é a capital da República de Moçambique e a maior cidade do país. Está situada no extremo sul do país, na margem da baía de Maputo. Política e administrativamente, Maputo é um município, com governo eleito e, desde 1980, também uma província. O município está dividido em 7 distritos: KaMpfumo, Chamanculo, Maxaquene, Mavota, Mubukwane, Catembe e Inhaca.
Tem uma 1 094 315 habitantes (município) (censo 2007) / Em 2013, a população do município estava estimada em 1 209 993 habitantes / 1 176 839 habitantes (área metropolitana).

3.4       Delimitação do Universo

De acordo com a intenção da pesquisa é para colher dados fiáveis e abrangentes, a pesquisa tem como universo populacional todos os intervenientes directos e indirectos da ética e moral no processo de formação estudantil, mas com maior enfoque para as pessoas ligadas ao tema em estudo.
Constituirá universo da presente investigação, todos os intervenientes da Escola Primaria a Luta Continua.

3.5       Participantes/amostra

Os participantes serão compostos por: 50 Alunos, 10 professores, 10 encarregados de educação, 1 director e um director adjunto.

3.6       Tipo de amostragem

No presente estudo, usar-se-á a amostragem não-probabilística, por ser feita de forma não-aleatória, justificadamente ou não. A escolha é intencional ou por conveniência, considerando as características particulares do grupo em estudo ou ainda o conhecimento que o pesquisador tem daquilo que está investigando, ou seja, com amostragem não-Probabilística não é possível generalizar os resultados para a população, pois amostras não probabilísticas não garantem a representatividade da população (Sampieri, Collado, & Lúcio, 2006).

3.7       Técnica e Instrumentos de recolha de dados

De acordo com Moresi (2003) define a técnica de recolha de dados como “um conjunto de processos e instrumentos elaborados para garantir o registo de informações, a colecta e análise de dados”.
Na presente pesquisa iremos usar as seguintes técnicas de pesquisa: consultas bibliográficas, análise documental e entrevista semi-estruturada para dar resposta ao problema, objecto do nosso estudo.

3.7.1      Pesquisa bibliografica

Segundo Lakatos & Marconi (2002), Pesquisa bibliográfica consiste em uso de obras já tornadas publicas em relação ao tema, desde as publicações avulsas, boletins, jornais, Projectos, material cartográfico e meios de comunicação, áudio e áudio – visual.
Portanto, para a efectivação deste trabalho, serão feitas leituras e análises profundas dos conteúdos relacionados ao tema contidos em várias obras.

3.7.2      Entrevista

Segundo Lakatos & Marconi (2001) a entrevista é uma técnica muito importante de investigação social que visa a colecta de dados em pesquisas educacionais e em trabalhos de acção. Para Trivinos (1987) a entrevista semi-estruturada tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam sustentação a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo investigador - entrevistador. Substancia o autor, afirmando que a entrevista semi-estruturada favorece não só a descrição dos fenómenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade além de manter a presença consciente e actuante do pesquisador no processo de colecta de informações (Triviños, 1987). Assim sendo, optamos por entrevista semi-estruturada, por se tratar de um instrumento de colecta em que o investigador e os participantes (EDM ) terão uma conversa informal.

3.7.3      Análise documental

Sendo uma técnica decisiva para a pesquisa em ciências sociais e humanas, a Análise Documental é indispensável porque a maior parte das fontes escritas – ou não – são quase sempre a base do trabalho de investigação; é aquela realizada a partir de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos (Lakatos & Marconi, 2002)
A pesquisa documental é realizada em fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres, fotografias, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza – pintura, escultura, desenho, etc), notas, diários, projectos de lei, ofícios, discursos, mapas, testamentos, inventários, informativos, depoimentos orais e escritos, certidões, correspondência pessoal ou comercial, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos (Santos, 2000).
A análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema (Ludke & André, 1986).




Cronograma de actividade

                         Meses
 Tarefas
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
 Colecta de bibliografia, dados e material em geral;
X




Estudo do material bibliográfico;
X




Redacção de capítulos;

X



Reuniões com supervisor;


X


Apresentação de capítulos para análise do supervisor;


X


Correcção e complementação do texto;



X

Apresentação de versão provisória do trabalho, para análise do supervisor;



X

Revisão ortográfica;




X
Formatação final e impressão;




X
Entrega do projecto.




X
Fonte: Autor, 2017

Orçamento


Ordem

Material

Quantid.
        Preco( MT)
Unitario
Total
1
Fotocópia do material bibliográfico
1000
1.5,00
1.500,00
2
Resma A4
4
300,00
1.200,00
3
Esferrográfica
2
  20,00
40,00
4
Digitacăo e impressăo
8
190,00
1.520,00
5
Encadernaçăo
18
  25,00
1 200,00
6
Transporte
70
  75,00
5.250,00
Subtotal
18.510,00
Contingência (3%)
 1255,30
Total
19.765,30
Fonte: Autor, 2017

Referências bibliográficas

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 CABRAL, R. (2000). Temas de ética, Braga: UCP:
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Internet
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