O papel da escola na formação ética e moral dos estudantes moçambicanos: Reflexão filosófica em Adela Cortina. Elaborado por Elisabeth Gusmão Lima. Todos direitos reservados
O papel da escola na formação ética e moral dos estudantes moçambicanos: Reflexão filosófica em Adela Cortina.
Elaborado por Elisabeth Gusmão Lima. Todos direitos reservados
Publicado em 15/08/2017.
Indice
1
CAPITULO I : INTRODUÇÃO
O professor,
além de ter uma atitude de ensinante é um formador, porque a sua relação com os
outros, com a vida e com seus próprios aprendizes, influencia sobremaneira seus
educandos. Estes o avaliam e/ou internalizam as atitudes do educador, que são
norteadas pelos seus princípios e valores, cotidianamente. Nesse sentido, o
amadurecimento moral e a ética do professor são fundamentais no exercício de sua
profissão. Considerando esse cenário, neste trabalho elucidamos os conceitos de
ética e de moral, articulando-os com a formação do ser humano, no processo de
educação. Tivemos como objetivos demonstrar aspectos que compõem o conceito de
ética e que compõem o conceito de moral; articular o conceito de ética e o
conceito de moral, evidenciando suas diferenças; demonstrar fatos sociais
amorais, morais e imorais; demonstrar os níveis de amadurecimento moral;
articular os conceitos de ética e de moral com a educação. Para isso,
realizamos um estudo bibliográfico e nos apoiamos em Cortella e Barros Filho
(2014); em Freire (1998), em Duska e Welhan (1994); em De la Taille (2013) e
Srour (2008).
Um dos desafios contemporâneos da escola é contribuir para a formação moral
e ética dos alunos-cidadãos. É fundamental que, nos espaços educativos, seja
construída e problematizada a participação do indivíduo na vida pública - o que
demanda a consciência de realidades, conflitos e interesses individuais e
sociais, o conhecimento de mecanismos de controle e defesa de direitos e a
noção dos limites e das possibilidades de ações individuais e coletivas.
Como ninguém nasce cidadão, a ideia de participação social precisa ser
permanentemente construída. Há vários caminhos para ensinar normas, valores e
atitudes passíveis de (re)organizar as relações para uma convivência justa. O
trabalho educacional que mobiliza conteúdos atitudinais precisa estar nas ações
cotidianas e fazer parte dos objetivos de aprendizagem.
1.1
Tema:
O papel da
escola na formação ética e moral dos estudantes moçambicanos: Reflexão
filosófica em Adela Cortina.
1.2
Descrição do problema
Um dos desafios que actualmente as escolas moçambicanas enfrentam é na
contribuição para a formação moral ética dos alunos-cidadãos conscientes,
convivendo em uma sociedade caracterizada com marginalidade, conflitos e
interesses individuais e sociais, nos quais, demanda uma consciência da
realidade.
Bem, muitos
são os aspectos que compõem a formação do homem e a escolarização é apenas
parte dessa formação, porque a educação pressupõe um todo dinâmico e contínuo
que se inicia na família e ocorre durante toda a vida, nas interações que os
seres humanos estabelecem com os outros e com o mundo.
Assim, pensar
na formação dos estudantes obriga-nos a pensar em sua educação integral. Ora, o
cenário da educação moçambicana é bastante complexo, a mídia e as pesquisas mostram diferentes problemas: falta de
valorização do professor; falta de estrutura; falta de apoio da família;
crianças de famílias desestruturadas; uma cultura que não valoriza o ensino;
entre outras questões.
Ora, presumimos
que uma criança ao ir para a escola já tenha internalizado os conceitos básicos
de respeitar a autoridade do professor, escutá-lo e conviver de forma harmoniosa
com seu colega de sala de aula.
Sucede que, nos últimos anos as coisas não andam bem assim. As escolas
não fazem mais esse papel de formação ético-moral, de internalizar na criança
os códigos básicos da convivência com os demais seres humanos em sociedade. Ou
seja, as escolas se cingem unicamente e totalmente na formação cognitiva, de
ensino e aprendizagem de conteúdos curriculares sobre as diversas áreas do
conhecimento, deixando de lado a formação da personalidade, os conceitos de núcleo
familiar.
Não basta
saber fazer coisas, ter saber técnico, produtivo. Como corolário da não opção
de valores éticos-morais na formação dos estudantes em Moçambique, tem causado
preocupação até aos mais optimistas, pois está influenciando todas as esferas
da vida humana e, como não poderia ser diferente, também tem afectado a
educação formalmente estruturada, através dos seus sistemas de ensino e de
aprendizagem completamente afastado dos conceitos éticos-morais.
Na verdade o que temos são as creches (ensino pré-primário) substituindo
o papel de uma educação primária – que deve ser carregada de afectividade –
fazendo essa função no lugar do pai e da mãe. E essa mesma creche, que não internalizar
na criança os códigos, sem dúvida que isso terá reflexo futuro na formação
social desta criança.
Outro aspecto é a influência da televisão e smartphones nesse déficit
de formação dos estudantes, haja vista que boa parte do tempo eles passam
assistindo os mais diversos programas e nas redes sociais, alguns sem nenhum
conteúdo ou perspectiva de formação educacional. Para contrapor a essa
realidade que a cada dia se torna mais forte e presente nas casas das famílias Moçambicanas,
é preciso ensinar as crianças a se contraporem, a ver de forma crítica a
programação, a fazer uma “leitura”, da mesma forma que se faz de um livro, do
que é exibido nos diversos canais de televisão e redes sociais.
Os graves
problemas sociais e morais revelam que para promover a existência digna, o
conhecimento tecno-científico é insuficiente. Diante disso, é inevitável
perguntar pela formação e competência ética do educador, do contrário a
transversalidade, ao menos no caso da ética, não passaria de discurso
demagógico. O que se espera dos educadores: a responsabilidade de saber ensinar
ética; além de ser exemplo, ao menos para com os seus educandos; e acolher os
educandos. Para poder compreender os comportamentos e acções morais de alguém é
preciso conhecer a perspectiva ética adoptada pelo agente e, ao mesmo tempo, o
observador (no caso o professor) deve estar ciente de sua posição teórica.
O desenvolvimento de valores morais é decorrente da
interação do sujeito com as situações e as pessoas nos diversos ambientes que
frequenta, como a escola, com a família e com os amigos.
Considerando todas essas influências e o que foi
anteriormente exposto, levanta se a seguinte questão:
Será que a instituição de
ensino tem um papel significativo na formação ética e moral dos alunos?
1.3
Objectivos
1.3.1
Objectivo Geral:
·
Conhecer/Analisar
o papel da escola na formação ética e moral dos Estudantes Moçambicanos na
perfectiva filosófica de Adela Cortina.
1.3.2
Objectivos Específicos
·
Contextualizar
o pensamento da Adela Cortina referente a ética e moral na formação do
estudante;
·
Identificar
a relação entre a ética – moral e a formação cognitiva dos Estudantes;
·
Falar
da importância da ética e moral na formação do estudante;
·
Investigar
a prática pedagógica vivenciada na Escola Primaria a Luta Continua quanto a
formação moral/ética da comunidade escolar;
1.4
Questões de partida
·
Qual
é o pensamento da Adela Cortina referente a ética e moral na formação do
estudante?
·
Qual
é a relação entre a ética – moral e a formação cognitiva dos Estudantes?
·
Qual
é a importância da importância da ética e moral na formação do estudante?
·
Quais
são as práticas pedagógicas vivenciadas na Escola Primaria a Luta Continua
quanto a formação moral/ética da comunidade escolar?
1.5
Justificativa
1.5.1
Relevância pessoal
No aspecto particular, o papel da escola na formação ética e moral dos
estudantes moçambicanos, fez surgir em nôs, um interesse peculiar. Isso se
deve, sobretudo, por se tratar de uma área relativamente nova, pouco trabalhada
nos nossos meandros académicos, onde, quanto a nôs, um conhecimento sólido
sobre a ética e moral dos estudantes moçambicanos para à
formação de alunos-cidadãos conscientes com seus respectivos direitos e valores
éticos morais, se mostra deveras necessária e, com efeito, estimulante. Outrossim, a razão da escolha do tema em tela se deve
ao facto da autora ser mãe de um filho que esta a frequentar o ensino primário,
onde notou que o mesmo já estava a perder alguns valores morais, se
concentrando apenas em obter notas altas na escola.
1.5.2
Relevância socio-pedagógico
Ora, a ética no ensino escolar trará uma educação comprometedora na qualidade de
formar cidadãos de responsabilidade com os princípios e valores éticos. A
partir dessa perspectiva que o ser humano convive em sociedade com diversos
indivíduos de diferentes padrões culturais, pensamentos e concepção de
condutas, nos quais o influenciam no meio que convivem em cidadania. Nesse
aspecto a escola tem o desafio de contribuir para a formação ética dos
alunos-cidadãos, trazendo nas práticas pedagógica a inclusão de valores éticos
e morais no ambiente escolar, levando o aluno à reflexão das questões morais e
éticas de cidadania.
Além disso, a
falta de ética na sociedade moçambicana é uma enorme barreira para que as
relações profissionais e pessoais escorram dentro de um parâmetro social
aceitável, por este motivo, é fundamental que nos ambiente escolar haja a
inclusão da ética, levando assim o aluno à refletir sobre as problemáticas
sociais e buscando possíveis soluções com sua participação de cidadão no meio
que vivem, tendo plena consciência dos valores éticos morais.
1.5.3
Relevância académica,
Nos últimos anos, o tema ético e moral
tem sido pauta de discursos pedagógicos, profissionais e até político pelo
mundo a fora, pois a sociedade vive um momento em que os conceitos de ética e a
moral tem sido deturpados. Sendo assim, esse trabalho justifica-se pela
necessidade de reflexão sobre os princípios éticos que permeiam a educação
escolar na busca pela formação da cidadania.
Outrossim, acreditamos que o estudo aprofundado da ética moral nas escolas, poderá produzir conhecimentos que irão contribuir
para o sucesso económico e institucional das organizações Moçambicanas.
1.6
Delimitação do tema
Espacial
A presente
pesquisa será realizado na Escola Primaria a Luta continua, Cidade de Maputo,
Província de Maputo.
Temporal
Para o
efeito, realizar-se-á
estudo tendo em conta o período de 2016 – 2017.
Disciplinar
O trabalho que se pretende desenvolver enquadra-se na
Cadeira de xxxx mas
vai sofrer influências de outras áreas conexas, nomeadamente: Ética
Fundamental e Ética Especial.
1.7
Resultados esperados
Com o
presente trabalho, esperamos que os professores passam a incorporar à sua actividade
de ensinar a função de educar, ou seja, de internalizar valores e conceitos que
o aluno já deveria chegar à escola com ele, realizado pelo núcleo familiar,
marcado pela afetividade e passados os valores éticos e morais.
2
CAPITULO II: REVISÃO
DA LITERATURA
2.1
Conceitos
2.1.1
Ética
Ética,
geralmente, é um valor social que identifica, qualifica e guia princípios
universais e crenças e ações humanas. A palavra "ética" vem do grego
ethos e significa aquilo que pertence ao "bom costume", "costume
superior", ou "portador de caráter". (https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica,
acessado em 05/05/2017)
Na filosofia
clássica, a ética não se resumia à moral (entendida como "costume",
ou "hábito", do latim mos, mores), mas buscava a fundamentação
teórica para encontrar o melhor modo de viver e conviver, isto é, a busca do melhor
estilo de vida, tanto na vida privada quanto em público. A ética incluía a
maioria dos campos de conhecimento que não eram abrangidos na física,
metafísica, estética, na lógica, na dialética e nem na retórica. Assim, a ética
abrangia os campos que atualmente são denominados antropologia, psicologia,
sociologia, economia, pedagogia, às vezes política, e até mesmo educação física
e dietética, em suma, campos direta ou indiretamente ligados ao que influi na
maneira de viver ou estilo de vida. Um exemplo desta visão clássica da ética
pode ser encontrado na obra Ética, de Spinoza. Os filósofos tendem a dividir
teorias éticas em três áreas: metaética, ética normativa e ética aplicada
(Arruda, 2003).
2.1.2
Etica e moral
Ética é um
conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao
tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e
teórica. É uma reflexão sobre a moral (Chanlat, 1992).
Moral é o
conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada
cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os
seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau
(Valle, 1999).
No sentido
prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas
responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem,
determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma
de agir e de se comportar em sociedade. (Chanlat, 1992).
2.2
Proposta de um novo modelo de
ética aplicada como hermenêutica crítica (Adela Cortina)[1].
2.2.1
O quadro deontológico (O momento
kantiano)
O modelo
proposto por Adela Cortina não é dedutivo nem indutivo, mas desfruta da
circularidade hermenêutica. Portanto não se trata de aplicar princípios
universais nem de induzir máximas práticas, mas descobrir, nos diferentes
âmbitos da atividade, a modulação peculiar do princípio comum. Cada campo da actividade
humano tem a sua especificidade ou melodia própria, obrigando a uma perspectiva
interdisciplinar. Não existe mais alguém com uma visão sistêmica do conjunto,
que possa oferecer sozinho, a orientação. É necessário consultar os
especialistas de cada área para ver quais são os princípios de alcance médio e
quais são os valores correspondentes daquela atividade. (Caporali, 1999)
O princípio
procedimental da ética do discurso é apenas uma orientação que precisa também
ser complementada com outras tradições éticas. Levar em consideração os
diferentes modelos de ética, tendo, como elemento coordenador, a ética do
discurso, pois esta oferece o modo de argumentar eticamente pela ação
comunicativa.
2.2.2
Ética das actividades sociais (O
momento aristotélico)
Como
descobrir em cada campo de atividade quais os valores e as máximas exigidos.
Diversas respostas são possíveis, mas todas elas precisam superar a perspectiva
da ética individual, pois a boa vontade pessoal pode ter consequências ruins
para coletividade. Por isso é mais importante a inteligência do que a vontade
e, por outro, é necessário assumir a lógica da atividade coletiva, ou seja, ver
a moralidade das práticas desenvolvidas nas instituições e organizações. (Caporali,
1999).
Todos os
âmbitos da ética aplicada tratam de atividades sociais. Mas não se trata tanto
de refletir eticamente sobre as instituições e organizações, pois estas são
cristalizações de ações humanas realizada por sujeitos humanos. Trata-se de
refletir sobre as práticas institucionais e organizativas, examinando as
atividades cooperativas e sociais realizadas pelos sujeitos humanos.
Para
desenvolver moralmente uma actividade na sociedade moderna é preciso atender a
cinco pontos de referência (Saldanha, 1998):
1) Ver quais
são as metas sociais que dão um sentido a esse tipo de atividade. Elas
identificam-se com os bens internos deste campo de atividade. Eles conferem um
sentido e legitimidade social às ações. Portanto, as diferentes atividades
sociais caracterizam-se pelos bens que se obtêm por meio delas, pelos valores
que inspiram a busca desses fins e pelas virtudes que apontam para as atitudes
necessárias na busca dos bens. As diferentes éticas averiguam quais valores e
virtudes permitem alcançar os bens alcançáveis através daquela atividade
social. Por exemplo, o bem interno buscado pela atividade do profissional da
saúde é o benefício do paciente. Que valores e virtudes devem pautar a busca
desde bem?
2) Para
alcançar os bens internos de cada atividade é preciso contar com mecanismos
específicos dessa sociedade, em nosso caso, a sociedade moderna. Por exemplo,
para alcançar a meta social ou produzir o bem interno que a empresa se propõe,
a busca do lucro é um meio que tem legitimidade social na sociedade moderna.
Contudo quando esse meio torna-se um fim, a atividade fica desmoralizada.
3) Por outro
lado, a legitimidade de qualquer atividade social deve ater-se à legislação
jurídica vigente que define as regras do jogo naquela sociedade. Contudo a
legalidade não esgota a moralidade, a) porque a legislação é dinâmica,
necessitando de interpretação e b) porque a legislação nunca consegue submeter
uma atividade totalmente à sua jurisdição.
4) Por isso,
é importante ter como referência também a ética civil ou a consciência moral
cívica, alcançada naquela sociedade. Ela identifica-se com o conjunto de
valores que os cidadãos de uma sociedade pluralista já compartilham,
independente de suas concepções morais e religiosas. Em linhas gerais trata-se
de levar a sério os valores da liberdade, da igualdade e da solidariedade.
5) O puro
nível da moralidade não basta, porque interesses espúrios podem difundir uma
moralidade difusa que condena, como imorais, ações inspiradas na justiça, nos
direitos humanos e na dignidade humana. Por isso, é preciso uma moral crítica,
que aponte os valores e os direitos a serem racionalmente respeitados.
2.2.3
Processo de tomada de decisões nos
casos concretos.
É
indispensável tomar em consideração os seguintes aspectos ao decidir:
1) Determinar
a fim específico ou o bem interno que dá sentido e legitimidade social àquela
atividade.
2) Averiguar
quais meios são adequados para produzir esse bem numa sociedade moderna.
3) Indagar
quais virtudes e valores é preciso incorporar para alcançar esse bem interno.
4) Ver quais
são os valores da moral cívica da sociedade que afetam o exercício dessa
atividade. 5) Averiguar quais valores de justiça, próprios de uma moral crítica
universal, permite por em questão normas vigentes.
6) Deixar a
tomada de decisão a cargo dos que são afetados por esse processo.
2.3
Ética, moral e educação escolar
sob o prisma de Adela Cortina: algumas imbricações filosófico pedagógicas.
Nos dias actuais,
tem sido muito comum a realização de simpósios, congressos, conferências e
inúmeros outros eventos científicos similares, com o objetivo de refletir
acerca de uma temática que emerge em todas as direções e sentidos: a questão da
ética.
Comenta-se,
também, com acentuada frequência, que o maior problema de Moçambique, por
exemplo, é a ausência de moral e que a inversão de valores e princípios
humanos, entre outros assuntos correlatos, vem provocando a desagregação tanto
da família secular (pai, mãe e filhos) quanto da sociedade como um todo,
influenciando sobremaneira o campo educacional. Diante dessas afirmações,
consideramos ser fundamental que os educadores possam refletir e debater
questões de tão alta relevância no espaço educativo escolar, uma vez que,
implícita ou explicitamente, cabe ao professor o papel de transmitir valores no
exercício de sua ação pedagógica.
Assim, para
que se possa melhor compreender as relações existentes entre ética, moral e
educação escolar num contexto mais amplo e abrangente, faz-se necessário, em
primeiro lugar, definir cada um desses termos para, em seguida, discorrermos
sobre as suas imbricações filosófico-pedagógicas. O principal ponto de partida
é as ideias de Adela Cortina, bem como as concepções de outros estudiosos da
Filosofia, principalmente no que diz respeito à ética, moral e educação escolar
Os
educadores, em geral, preocupam-se com as habilidades técnicas e sociais de
seus alunos, mas é impossível construir uma sociedade autenticamente
democrática, contando apenas com indivíduos capacitados técnica e socialmente,
porque tal sociedade precisa fundamentar-se em valores para os quais a
racionalidade instrumental é cega, valores como a autonomia e a solidariedade.
O processo educativo não pode pautar-se pela racionalidade instrumental que
busca a aquisição de puras habilidades técnicas e aponta para um modelo de
pessoa que busca apenas o seu próprio bem-estar. É necessário buscar a formação
de pessoas autônomas com desejo de auto-realização e com a capacidade para a
interação solidária. Por isso a educação precisa suscitar nos jovens a
competência para a autonomia e a solidariedade bases para uma sociedade
democrática. Isso só é possível através de métodos dialógicos de educação moral
que superam o dogmatismo dos métodos doutrinários e estão para além do
relativismo dos métodos do puro esclarecimento dos valores.
2.4
Biografia da filósofa Adela
Cortina[2]
Adela Cortina
é um filósofo espanhol nascido em Valência, Espanha.
Depois de
estudar filosofia e letras na Universidad de Valencia, ela foi admitida no
departamento de metafísica em 1969.
Em 1976, ela
defendeu sua tese de doutorado sobre a noção de Deus na filosofia
transcendental de Kant e durante algum tempo ela ensinou em escolas de ensino
médio e highschools. Uma bolsa de pesquisa permitiu que ela fosse para a
Universidade de Munique, onde conheceu o racionalismo crítico, o pragmatismo e
a ética marxista e, mais concretamente, a filosofia de Jurgen Habermas e
Karl-Otto Apel. Ao voltar para a cena acadêmica espanhola, dedicou seu tempo de
pesquisa à ética.
Em 1981 foi
admitida no departamento de filosofia prática da Universidade de Valência. Em
1986, tornou-se professora de Filosofia Moral, relativa à economia, negócios e
discriminação de mulheres, guerra, ecologia, genética, etc. Estes são tópicos
que a autora cultiva em seu trabalho. É casada com o filósofo e professor da
Universidade de Valencia, Jesús Conill.
É membro da Comissão Nacional de reprodução Humana Asistida e ocupa um
cargo no Comité Asesor de Etica da Investigação Científica y Tecnológica.
Com seu livro
"Ética da razão amigável", ela ganhou o Prêmio Internacional de
Ensaios Jovellanos em 2007. Ela
também foi nomeada Membro da Real Academia de Ciências Morais e Políticas (2 de
dezembro de 2008), fazendo dela a primeira mulher admitida em esta instituição.
Ela também ocupa uma posição honorária na Universitat
Jaume I de Castellón. Ela recebeu esta homenagem em 15 de janeiro de 2009,
bem como pela Universidade Politécnica de Cartagena em 27 de janeiro de 2012.
3
CAPITULO
III: METODOLOGIA
A aplicação
de métodos é imprescindível na investigação, de acordo com (Richardson, 1999) a
metodologia da pesquisa é “o conjunto de passos, caminhos, métodos e técnicas
científicos que se usam numa pesquisa para chegar-se ao objectivo pré -
definido.”
Lakatos &
Marconi (2002) Metodologia científica é um conjunto de abordagens, técnicas e
processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de
aquisição objectiva do conhecimento de uma maneira sistemática.
Para Gil
(1999), a investigação científica depende de um conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos para que os objectivos sejam atingidos. Assim, os
métodos científicos são o conjunto de processos ou operações mentais que se
deve empregar na investigação e a linha de raciocínio adoptado no processo de
pesquisa.
3.1
Tipo de pesquisa
Usar‑se‑á a
Pesquisa Qualitativa, de acordo com Gil (1999) considera como sendo a relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito isto é, um vínculo indissociável entre
o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzida em
números.
3.2
Método de
abordagem
Usar‑se‑á o
Método dedutivo, de acordo com Gil (1999) esse argumento é feito do maior para
o menor, ou seja, de uma premissa geral em direção a outra, particular ou
singular. As conclusões encontradas nesse método já estavam nas premissas
analisadas anteriormente e, portanto, ele não produz conhecimentos novos
Usar‑se‑á Método Funcionalista que segundo Lakatos &
Marconi (2002) é um método mais interpretativo do que investigativo. Suas conclusões
são baseadas na interpretação do estilo de vida de uma sociedade. Sabendo que
este método considera toda actividade social e cultural é funcional ou
desempenho de função.
3.3
Área geográfica de investigação
Maputo é a
capital da República de Moçambique e a maior cidade do país. Está situada no
extremo sul do país, na margem da baía de Maputo. Política e
administrativamente, Maputo é um município, com governo eleito e, desde 1980,
também uma província. O município está dividido em 7 distritos: KaMpfumo,
Chamanculo, Maxaquene, Mavota, Mubukwane, Catembe e Inhaca.
Tem uma 1 094
315 habitantes (município) (censo 2007) / Em 2013, a população do município
estava estimada em 1 209 993 habitantes / 1 176 839 habitantes (área
metropolitana).
3.4
Delimitação do Universo
De acordo com
a intenção da pesquisa é para colher dados fiáveis e abrangentes, a pesquisa
tem como universo populacional todos os intervenientes directos e indirectos da
ética e moral no processo de formação estudantil, mas com maior enfoque para as
pessoas ligadas ao tema em estudo.
Constituirá
universo da presente investigação, todos os intervenientes da Escola Primaria a
Luta Continua.
3.5
Participantes/amostra
Os
participantes serão compostos por: 50 Alunos, 10 professores, 10 encarregados
de educação, 1 director e um director adjunto.
3.6
Tipo de amostragem
No presente
estudo, usar-se-á a amostragem não-probabilística, por ser feita de forma não-aleatória, justificadamente ou não.
A escolha é intencional ou por conveniência, considerando as características
particulares do grupo em estudo ou ainda o conhecimento que o pesquisador tem
daquilo que está investigando, ou seja, com amostragem não-Probabilística
não é possível generalizar os resultados para a população, pois amostras não
probabilísticas não garantem a representatividade da população (Sampieri,
Collado, & Lúcio, 2006).
3.7
Técnica e Instrumentos de recolha
de dados
De acordo com
Moresi (2003) define a técnica de recolha de dados como “um conjunto de
processos e instrumentos elaborados para garantir o registo de informações, a
colecta e análise de dados”.
Na presente
pesquisa iremos usar as seguintes técnicas de pesquisa: consultas bibliográficas,
análise documental e entrevista semi-estruturada para dar resposta ao problema,
objecto do nosso estudo.
3.7.1
Pesquisa bibliografica
Segundo
Lakatos & Marconi (2002), Pesquisa bibliográfica consiste em uso de obras
já tornadas publicas em relação ao tema, desde as publicações avulsas,
boletins, jornais, Projectos, material cartográfico e meios de comunicação, áudio
e áudio – visual.
Portanto,
para a efectivação deste trabalho, serão feitas leituras e análises profundas
dos conteúdos relacionados ao tema contidos em várias obras.
3.7.2
Entrevista
Segundo Lakatos & Marconi
(2001) a entrevista é uma técnica muito importante de investigação social que
visa a colecta de dados em pesquisas educacionais e em trabalhos de acção. Para
Trivinos (1987) a entrevista semi-estruturada tem como característica
questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam
ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam sustentação a novas hipóteses
surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria
colocado pelo investigador - entrevistador. Substancia o autor, afirmando que a
entrevista semi-estruturada favorece não só a descrição dos fenómenos sociais,
mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade além de manter a
presença consciente e actuante do pesquisador no processo de colecta de
informações (Triviños, 1987). Assim sendo, optamos por entrevista
semi-estruturada, por se tratar de um instrumento de colecta em que o
investigador e os participantes (EDM ) terão uma conversa informal.
3.7.3
Análise documental
Sendo uma
técnica decisiva para a pesquisa em ciências sociais e humanas, a Análise
Documental é indispensável porque a maior parte das fontes escritas – ou não –
são quase sempre a base do trabalho de investigação; é aquela realizada a
partir de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados
cientificamente autênticos (Lakatos & Marconi, 2002)
A pesquisa
documental é realizada em fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres,
fotografias, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza – pintura,
escultura, desenho, etc), notas, diários, projectos de lei, ofícios, discursos,
mapas, testamentos, inventários, informativos, depoimentos orais e escritos,
certidões, correspondência pessoal ou comercial, documentos informativos
arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos
(Santos, 2000).
A análise
documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja
complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando
aspectos novos de um tema ou problema (Ludke & André, 1986).
Cronograma de
actividade
Meses
Tarefas
|
Janeiro
|
Fevereiro
|
Março
|
Abril
|
Maio
|
Colecta de bibliografia, dados e material em
geral;
|
X
|
||||
Estudo do material bibliográfico;
|
X
|
||||
Redacção de capítulos;
|
X
|
||||
Reuniões com supervisor;
|
X
|
||||
Apresentação de capítulos para
análise do supervisor;
|
X
|
||||
Correcção e complementação do texto;
|
X
|
||||
Apresentação de versão provisória do
trabalho, para análise do supervisor;
|
X
|
||||
Revisão ortográfica;
|
X
|
||||
Formatação final e impressão;
|
X
|
||||
Entrega do projecto.
|
X
|
Fonte: Autor, 2017
Orçamento
Ordem
|
Material
|
Quantid.
|
Preco( MT)
|
|
Unitario
|
Total
|
|||
1
|
Fotocópia do material bibliográfico
|
1000
|
1.5,00
|
1.500,00
|
2
|
Resma A4
|
4
|
300,00
|
1.200,00
|
3
|
Esferrográfica
|
2
|
20,00
|
40,00
|
4
|
Digitacăo e impressăo
|
8
|
190,00
|
1.520,00
|
5
|
Encadernaçăo
|
18
|
25,00
|
1 200,00
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6
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Transporte
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70
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75,00
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5.250,00
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Subtotal
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18.510,00
|
|||
Contingência
(3%)
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1255,30
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|||
Total
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19.765,30
|
Fonte: Autor, 2017
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